Tantas cartas, Senhora Befana! V


Cansado de estar na fila, alguém se lamentou, ao que Cornélia, autoritária, respondeu que não havia outra forma de levar a empreitada até ao fim e que não era permitido refilar.

Pilú não acreditava, sobretudo porque se dera conta claramente de que apenas faltava uma cartinha. Não sabia o que fazer… mas, por sorte Jimmy, um cavalo sábio que já vivera  muitas coisas aproximou-se dele.

– Escreve também uma carta, Pilú. Na minha opinião, ela vai chegar à Befana, porque não?

E assim fez, feliz por também poder contar à Befana a aventura desta empreitada.

A atividade de « selocarimbagem», como Vermiglia, que adorava dar nomes a tudo, a batizou, prosseguiu até ao anoitecer, deixando toda a gente exausta, mas feliz .

Mas, se é verdade que este problema fora brilhantemente resolvido… um outro nasceu depois.

– Não acham que  a abertura no telhado é demasiado pequena?- observou Cleofe a dada altura.- Acho que tem de ser alargada: como  é que a Befana vai conseguir entrar em todas as nossas meias…

– Mas não podemos alargá-la assim, temos de pedir autorização! – respondeu subitamente Desdémona, que nunca estava de acordo com as ideias da cabra.

Interveio então o galo, que propôs fazerem uma experiência:um deles descia de lá de cima com um grande saco de meias às costas, algumas cheias de presentinhos e de guloseimas.

Mas claro que era preciso encontrar quem estivesse disposto a fazê-lo.

– Oh, acho a ideia ótima! – comentou a Sissi, que prontamente levantou a perna para se oferecer como voluntária no meio da aprovação geral.

– Anda, Pilú, ajuda-me a preparar.

Pouco tempo depois ambos regressaram : Sissi pusera na cabeça um lencinho de quadradinhos vermelhos que encontrara no cesto da roupa de passara a ferro, enquanto o Pilú segurava numa vassoura de sorgo, que fora buscar ao quarto das ferramentas que ficava nas traseiras da casa.

– Faltam as cordas para descer a Sissi de lá de cima!- reparou Max. – Vem , Ettore, vamos       buscá-las.

– Eu ajudo – disse o papá coelho juntando-se aos dois e, em poucos minutos, o estábulo estava pronto para levar à cena a chegada da velhinha voadora. A mamã Ratinho, a Pérola e a Nuvem estavam a maquilhar a Sissi que, agora com o lencinho na cabeça, um manto feito de um pedaço de pano que estava em cima prateleira a cobrir os frascos e um pouco de fuligem no focinho conseguira já assustar os coelhitos que correram a esconder-se por detrás da escada. (cont.)

Texto de: Bianca Belardinelli, Contos de Natal, Círculo de Leitores,2010

Deixe um comentário