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Na relva cheia de pó,

cai uma maçã pequena

que ao ver-se tão suja e só

começa a chorar de pena.

O galo do catavento,

temendo alguma desgraça,

para logo o movimento

e pergunta : – O que se passa?

– Quero  ver o mundo! – diz

a maçã a soluçar.

– O escaravelho é feliz,

pois tem patas para andar!

De um alto ramo pendente

via o sol, o céu, a estrada

com gatos e cães e gente

Mas, no chão, não vejo nada!

– Eu tenho uma rica ideia!

— diz o galo (e bate as asas),

– Dou-te esta noite boleia

para veres gentes e casas.

E assim fez. Voa da igreja,

põe às costas a maçã

que vê tudo o que deseja

até romper a manhã.

O galo regressa à sua

torre da igreja aldeã

para, aí, contar à Lua

a viagem da maçã.

E a maçã muito contente,

diz, na relva, pra consigo:

– Vi o mundo, finalmente!

E o galo é meu amigo!

Texto de : António Manuel Couto Viana


Marina e a escama de cristal

O castelo dos livrosOs óculos do mágico

Mais três livros que podes ler, da autora  Maria Teresa Maia Gonzalez.

No primeiro, Marina é uma criatura marinha, belíssima, que aparece a Leonardo.

No segundo, Inês é uma menina que tem um grande sonho – ser sábia.

No terceiro, as aventuras de um pai e três filhos que certamente te irão encantar.

Boas leituras.

 

Para saberes mais sobre a autora, ver aqui


A Mata dos medos                                       500_9789724736860_a_criatura_medonha_254dpi

Um problema muito enorme                             Um lugar desconhecido

 

São quatro livros de Álvaro Magalhães que podes ler e descobrir uma história de encantar, com situações muito engraçadas que te farão pensar.

Neste verão, a descobrir “Contos da Mata dos Medos”, uma história que se desenrola numa zona de praia a ler e a reler nos outros livros seguintes .

Para saberes mais sobre o autor: carregar aqui

 

 


         CoisaPerdida-226x300

A coisa perdida

     A árvore vermelha

 A árvore perdida

Dois livros do mesmo autor, no primeiro a personagem é um rapaz, no segundo uma rapariga. Com narrativas interessantes para serem descobertas.

E ainda , um terceiro. Neste livro as personagens são dois rapazes predispostos a ter algumas aventuras. A ler, estas três obras de Shaun Tan.

 

regras

As regras do verão

Boas leituras.

Para saberes mais sobre estas obras e o autor- http://en.wikipedia.org/wiki/Shaun_Tan


Rio no rio

canto a um canto

de madrugada.

Não mato o mato

semeio a semente

na terra molhada.

De que me livro

se ler um livro?

Da solidão.

São como um pero

todas as coisas

são como são.

Amo quem amo.

Ao amo obedeço

sem sentimento.

Quem apaga a vela

e leva à vela o barco?

O vento.

Um sonho mau

um sonho doce

para trincar.

No meu quarto

Um quarto de hora

chega para brincar.

A linha está torta

torta de laranja

para saborear.

Meia rota e velha

e só meia hora

para remendar.

São tantas as coisas

que há neste mundo

que só um dicionário

não ia chegar …

E certas palavras

menos egoístas

não se importam

de as partilhar.


«…  Saltando e correndo, Isabel dirigiu -se para o pequeno bosque. Ia tão apressada que nem se lembrava de comer o pão que levava na mão. Ia cheia de curiosidade e de medo, pois temia que alguém tivesse destruído a sua obra.

Mas quando chegou à frente do velho tronco sorriu de alegria. A casa estava intacta, com o telhado de casca de plátano muito bem coberto de musgo e a porta de cana muito bem fechada. E tinha um ar extraordinariamente sossegado e confortável.

Isabel ajoelhou-se no chão e com cuidado abriu a porta.

Aquilo que viu deixou-a imóvel, muda, com boca aberta, com os olhos esbugalhados e as mãos erguidas e abertas no ar.

Durante alguns momentos o seu espanto foi tão grande que nem se podia mexer, nem podia pensar no que via.

Depois, devagar, esfregou os olhos. Abriu -os muito e murmurou:

– Estou a sonhar!

Pois dentro da casa tinha acontecido uma coisa extraordinária e incrível: em cima da cama estava deitado um verdadeiro anão.

Esse anão dormia. E dormia tão profundamente que até ressonava. A sua cara era vermelha como um morango e as pontas da sua longa barba tocavam no chão.

No meio do seu espanto, Isabel sentia uma grande alegria e uma grande ternura. Pensando bem parecia-lhe que durante toda a sua vida tinha estado à espera daquele anão. Encontrá-lo agora, ali, era uma coisa muito extraordinária mas também muito simples.

Mediu-o com o olhar e calculou que ele devia ter exatamente um palmo de altura.

– Os anões ainda são mais pequenos do que eu imaginava – pensou ela.

Apetecia-lhe acordá-lo, pois tinha a maior curiosidade de saber se ele falava e em que língua. Temia que existisse uma língua dos anões que ela não fosse capaz de entender. Pensou chamar baixinho por ele:

– Senhor anão!

Mas teve medo de o assustar. E resolveu esperar que ele acordasse.

Sem fazer nenhum barulho estendeu-se ao comprido no chão e apoiou a cara e as mãos. Era uma posição cómoda. Poderia ficar assim muito tempo a olhar enquanto ele continuasse a dormir.

O anão estava tapado com o cobertor mas a ponta  das suas botas estava descoberta. A sua cara, muito vermelha e cheia de pequeninas rugas, tinha uma expressão ao mesmo tempo alegre e sisuda. Uma das mãos estava de fora da roupa, poisada sobre a barba, e no dedo anelar brilhava um minúsculo anel de oiro.

Isabel não se cansava de olhar.

E pensava:

– Que coisa tão extraordinária! Fiz uma casa para um anão que não existia e o anão apareceu! …»

Texto de : Sophia de Mello  B. Andersen