Muito interessante, este livro de Maria de Lourdes Soares. A conhecer.
Ilustração de : Natalina Cóias
Na relva cheia de pó,
cai uma maçã pequena
que ao ver-se tão suja e só
começa a chorar de pena.
O galo do catavento,
temendo alguma desgraça,
para logo o movimento
e pergunta : – O que se passa?
– Quero ver o mundo! – diz
a maçã a soluçar.
– O escaravelho é feliz,
pois tem patas para andar!
De um alto ramo pendente
via o sol, o céu, a estrada
com gatos e cães e gente
Mas, no chão, não vejo nada!
– Eu tenho uma rica ideia!
— diz o galo (e bate as asas),
– Dou-te esta noite boleia
para veres gentes e casas.
E assim fez. Voa da igreja,
põe às costas a maçã
que vê tudo o que deseja
até romper a manhã.
O galo regressa à sua
torre da igreja aldeã
para, aí, contar à Lua
a viagem da maçã.
E a maçã muito contente,
diz, na relva, pra consigo:
– Vi o mundo, finalmente!
E o galo é meu amigo!
Texto de : António Manuel Couto Viana
A Menina do Mar, umas das obras a ler de Sophie de Mello B. Andersen.
Para leres o conto, carrega Menina_do_Mar
Mais três livros que podes ler, da autora Maria Teresa Maia Gonzalez.
No primeiro, Marina é uma criatura marinha, belíssima, que aparece a Leonardo.
No segundo, Inês é uma menina que tem um grande sonho – ser sábia.
No terceiro, as aventuras de um pai e três filhos que certamente te irão encantar.
Boas leituras.
Para saberes mais sobre a autora, ver aqui
São quatro livros de Álvaro Magalhães que podes ler e descobrir uma história de encantar, com situações muito engraçadas que te farão pensar.
Neste verão, a descobrir “Contos da Mata dos Medos”, uma história que se desenrola numa zona de praia a ler e a reler nos outros livros seguintes .
Para saberes mais sobre o autor: carregar aqui
A coisa perdida
A árvore perdida
Dois livros do mesmo autor, no primeiro a personagem é um rapaz, no segundo uma rapariga. Com narrativas interessantes para serem descobertas.
E ainda , um terceiro. Neste livro as personagens são dois rapazes predispostos a ter algumas aventuras. A ler, estas três obras de Shaun Tan.
As regras do verão
Boas leituras.
Para saberes mais sobre estas obras e o autor- http://en.wikipedia.org/wiki/Shaun_Tan
Que linda flor! Todos dizem
E as folhas de nervuras finas
Recortes serrados a preceito
Ficam caladas a escutar
Ninguém diz. Que lindas folhas !
E verde é o silêncio.
Texto de : Matilde Rosa Araújo, As fadas Verdes, Civilização Editora, 2006
Rio no rio
canto a um canto
de madrugada.
Não mato o mato
semeio a semente
na terra molhada.
De que me livro
se ler um livro?
Da solidão.
São como um pero
todas as coisas
são como são.
Amo quem amo.
Ao amo obedeço
sem sentimento.
Quem apaga a vela
e leva à vela o barco?
O vento.
Um sonho mau
um sonho doce
para trincar.
No meu quarto
Um quarto de hora
chega para brincar.
A linha está torta
torta de laranja
para saborear.
Meia rota e velha
e só meia hora
para remendar.
São tantas as coisas
que há neste mundo
que só um dicionário
não ia chegar …
E certas palavras
menos egoístas
não se importam
de as partilhar.
«… Saltando e correndo, Isabel dirigiu -se para o pequeno bosque. Ia tão apressada que nem se lembrava de comer o pão que levava na mão. Ia cheia de curiosidade e de medo, pois temia que alguém tivesse destruído a sua obra.
Mas quando chegou à frente do velho tronco sorriu de alegria. A casa estava intacta, com o telhado de casca de plátano muito bem coberto de musgo e a porta de cana muito bem fechada. E tinha um ar extraordinariamente sossegado e confortável.
Isabel ajoelhou-se no chão e com cuidado abriu a porta.
Aquilo que viu deixou-a imóvel, muda, com boca aberta, com os olhos esbugalhados e as mãos erguidas e abertas no ar.
Durante alguns momentos o seu espanto foi tão grande que nem se podia mexer, nem podia pensar no que via.
Depois, devagar, esfregou os olhos. Abriu -os muito e murmurou:
– Estou a sonhar!
Pois dentro da casa tinha acontecido uma coisa extraordinária e incrível: em cima da cama estava deitado um verdadeiro anão.
Esse anão dormia. E dormia tão profundamente que até ressonava. A sua cara era vermelha como um morango e as pontas da sua longa barba tocavam no chão.
No meio do seu espanto, Isabel sentia uma grande alegria e uma grande ternura. Pensando bem parecia-lhe que durante toda a sua vida tinha estado à espera daquele anão. Encontrá-lo agora, ali, era uma coisa muito extraordinária mas também muito simples.
Mediu-o com o olhar e calculou que ele devia ter exatamente um palmo de altura.
– Os anões ainda são mais pequenos do que eu imaginava – pensou ela.
Apetecia-lhe acordá-lo, pois tinha a maior curiosidade de saber se ele falava e em que língua. Temia que existisse uma língua dos anões que ela não fosse capaz de entender. Pensou chamar baixinho por ele:
– Senhor anão!
Mas teve medo de o assustar. E resolveu esperar que ele acordasse.
Sem fazer nenhum barulho estendeu-se ao comprido no chão e apoiou a cara e as mãos. Era uma posição cómoda. Poderia ficar assim muito tempo a olhar enquanto ele continuasse a dormir.
O anão estava tapado com o cobertor mas a ponta das suas botas estava descoberta. A sua cara, muito vermelha e cheia de pequeninas rugas, tinha uma expressão ao mesmo tempo alegre e sisuda. Uma das mãos estava de fora da roupa, poisada sobre a barba, e no dedo anelar brilhava um minúsculo anel de oiro.
Isabel não se cansava de olhar.
E pensava:
– Que coisa tão extraordinária! Fiz uma casa para um anão que não existia e o anão apareceu! …»
Texto de : Sophia de Mello B. Andersen
Pia. pia, pia
o mocho
que pertencia
a um coxo.
Zangou-se o coxo
Um dia,
E meteu o mocho
Na pia, pia, pia.
Texto de : Fernando Pessoa