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Monthly Archives: Janeiro 2015


A mosca Sidónia

tinha um grande azar:

sofria de insónia;

tinha de acalmar!

Já andava cansada,

da vida que tinha;

ficava estafada,

chegada a noitinha!

Não adormecia,

voava, voava

e já não sabia

sequer onde estava!

Ia contra as portas

e os vidros do lar;

tinha as asas tortas

de tanto voar!

Estava deprimida,

sem poder sorrir.

Mas que triste vida

sem poder dormir!

Parar não podia,

embora quisesse,

e não consegui

que o sono viesse!

Carneiros contava

pela noite fora

e, quando parava,

eles iam-se embora…

Por feliz opção,

um duche tomou:

as asas molhou

e … caiu no chão.

Texto de : Maria Teresa Maia Gonzalez


Na relva da noite adormecidas

As últimas flautas do Sol

Um cãozinho sozinho na rua escura

 E fria

Ladra à lua

E continua a ladrar

Num uivar estremecido

Então a menina acorda

Na cama estreita

E chora sozinha

Até se cansar

Tem medo

Mas depois a sorrir

Adormece

E o cão fica calado

Deitado

No chão frio

As flautas do Sol

São caninhas verdes

Que cantam

Para o cão

E para a menina

Texto de: Matilde Rosa Araújo


Se as casas tivessem asas,

se as asas varressem o mar,

se o mar coubesse no copo,

se o copo jogasse à bola,

se a bola se fizesse sol,

se o sol fosse à escola,

se a escola se escondesse de 2ª a 6ª feira,

se a 6ª feira se vestisse de encarnado,

se o encarnado pintasse a chuva,

se a chuva abrisse a porta,

se a porta caminhasse pela rua, de braço dado com a lua,

se a lua saltasse para a minha mão,

e eu a comesse dentro do pão !

Texto de:Luísa Ducla Soares