bolas, bolas.
Ilustração de : Bill Watterson, Calvin e Hobbes
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado :
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
muitas chegam doentes, outras simplesmente gastas, estafadas,
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra vento
levanta os papéis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.
Texto de : Álvaro Magalhães
Mais um livro delicioso e apaixonante de Leo Lionni….“…Um casal de ratos vivia sozinho num sotão empoeirado com o seu único filho que se chamava Mateus. (…). Os ratos eram pobres, mas tinham grandes expetativas para Mateus. Quando ele crescesse, talvez viesse a ser médico. Então, teriam queijo parmesão ao pequeno- almoço, ao almoço e ao jantar.
Mas quando lhe perguntavam o que ele queria ser, Mateus respondia:
– Não sei… Eu quero ver o mundo.”
A não perder, naturalmente.
Se a menina não comia
não via o fundo do prato
que tinha lá dentro um pato
de penas cinzentas lisas,
nem via a outra menina
que era bem mais pequenina
e tinha na frente um prato
que tinha lá dentro um pato
um pato muito bonito
de penas cinzentas lisas
tão pequenas tão pequenas
que até parece impossível
como a menina ainda via
e imaginava o desenho
até ao próprio infinito.
Texto de Maria Alberta Menéres
A menina tinha um prato
e dentro do prato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
havia um prato pintado
e dentro do prato um pato
com uma menina ao lado.
E essa menina de tinta
tinha um prato mais pequeno
e dentro do pato um pato
de penas cinzentas lisas
e no fundo desse prato
estava outra menina ao lado
de um outro pato de penas
cada vez mais pequeninas.
(cont)
Texto de Maria Alberta Menéres