Que linda flor! Todos dizem
E as folhas de nervuras finas
Recortes serrados a preceito
Ficam caladas a escutar
Ninguém diz. Que lindas folhas !
E verde é o silêncio.
Texto de : Matilde Rosa Araújo, As fadas Verdes, Civilização Editora, 2006
Que linda flor! Todos dizem
E as folhas de nervuras finas
Recortes serrados a preceito
Ficam caladas a escutar
Ninguém diz. Que lindas folhas !
E verde é o silêncio.
Texto de : Matilde Rosa Araújo, As fadas Verdes, Civilização Editora, 2006
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com um ar de quem semeia a ilusão;
E a estrela ía subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel de sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
Texto de :MIguel Torga
Era uma vez uma nuvem.
Era uma vez um caracol.
Para se entreter, a nuvem começou a brincar ao faz -de – conta.
– Faz de conta que sou um cavalo – e um cavalo – nuvem desenhava-se no céu.
– Agora faz – de- conta que sou um palhaço – e a cara de um palhaço, feito de nuvem, recortava-se no azul do céu.
Mas , quando, a certa altura, se alongou e espreguiçou mais e mais, a fazer de conta que era um comboio de mercadorias, a nuvem tapou o Sol. O dia escureceu.
Cá em baixo, um caracol suspirou, aborrecido:
-Esta nuvem só faz disparates.
Parece que ela, a nuvem, lá em cima, o ouviu, porque ficou triste, escureceu e começou a choramingar sobre a terra.
Foram umas gotinhas poucas, uns chuviscos – que ela também era pequenina -, mas bastaram para pôr a reluzir as folhas e as ervas onde o caracol andava à sua vida.
Texto de : António Torrado
” … Rosalina acariciou o velho tronco amigo. Realmente era verdade: as árvores, as flores,os arbustos,, enfim, todas as plantas tinham esse desgosto: não se podiam deslocar. Mas que podia ela fazer?
De repente, o mocho Norberto, que tinha ouvido toda a conversa, perguntou à fada:
– Rosalina, tu podes levar uma castanha, não podes? Assim ela viajará e conhecerá o mundo. Quando crescer, vai poder contar suas viagens a todos, aqui no bosque.
– É verdade! Como é que não me lembrei disso antes?!
E dirigindo-se ao castanheiro, pediu-lhe uma castanha. Feitas as despedidas, Rosalina e a castanha viajaram até ao Pólo Norte.
Excerto do livro, O Pirilampo sem luz, de Margarida Fonseca Santos
” A mala estava pronta: tinha os pós de voar, os frascos indispensáveis a qualquer fada, uma almofada cor de rosa e uma varinha mágica.A fada Rosalina ía procurar uma família de ursos polares que estava em apuros.
Rosalina saiu da sua casinha no alto de um grande castanheiro, espreguiçou-se para ganhar coragem e…
– Aí ,ai …
– Castanheiro?! Foste tu que suspiraste?- perguntou a fada.
– Sim… – respondeu o castanheiro com uma voz bem triste.
– Vá lá! – disse Rosalina. – Já sabes que daqui a poucos dias cá estou de novo; não é razão para lamúrias.
– Isso dizes tu, que viajas por todo o mundo, vês terras diferentes, conheces outras paisagens…. Eu só conheço este bosque e ainda tenho de ficar agradecido por ter crescido tanto e ser tão alto… senão nem este bosque me conhecia.”(cont.)
Excerto do livro, O Pirilampo sem luz, de Margarida Fonseca Santos
Catatua
A catatua , a catatua,
depois do jantar,
olhou alto e disse à Lua:
– boa noite luar.
E o luar respondeu:
– eu não quero mais luas,
o que eu quero, eu,
são mais catatuas!
E a catatua disse obrigada
porque era bem educada.
Texto de Sidónio Muralha