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Nero tinha enchido um saco de juta com palha.

– Aqui está! Estas são as minhas mei…

– Oh, esperamos que não! – Brincou Cornélia rummminnnnando . Parecia quase um teatro; havia os autores e o público, a cenografia e trepidante espera pela abertura do pano. Os ratinhos, com os focinhitos foras das meias penduradas, olhavam para cima. Verdina, Vermiglia e Viola, com Dulcineia e Desdémona, batiam as asas, pelo que foram repreendidas pelo Ettore por estarem a perturbar; a família dos coelhos estava em fila em cima dos caixotes. Lá fora, erguida a escada larga e plana que a conduziria pelos ares até ao telhado do estábulo. Pilú e Palmiro enrolavam as cordas em volta de Sissi; Nero de um lado e Jimmy do outro prenderam as pontas. Da abertura do teto, uma sombra misteriosa apareceu sorrindo entre os gritos dos mais pequenos. Lentamente, uma velhinha montada numa vassoura com um lenço na cabeça e um saco às costas, foi descendo…

– É a Befana! – gritaram todos.

– Não, meninos … sou eu! – respondeu a Sissi, rindo.

A experiência fora bem sucedida. Os animais podiam ficar tranquilos, pois a verdadeira Befana entraria sem dificuldades. Nos dias seguintes, Pérola acabou de fazer as meias de lã, cada um escolheu a ornamentação a coser em cada uma delas e todas foram penduradas na corda da roupa presas com as molinhas de madeira coloridas. As cartas enviadas com os selos da lua e da estrela foram entregues, assegurara o carteiro Hélio. Só lhes restava esperar: Faltava um dia para o dia 6 de Janeiro.

Texto de: Bianca Belardinelli, Contos de Natal, Círculo de Leitores,2010


Cansado de estar na fila, alguém se lamentou, ao que Cornélia, autoritária, respondeu que não havia outra forma de levar a empreitada até ao fim e que não era permitido refilar.

Pilú não acreditava, sobretudo porque se dera conta claramente de que apenas faltava uma cartinha. Não sabia o que fazer… mas, por sorte Jimmy, um cavalo sábio que já vivera  muitas coisas aproximou-se dele.

– Escreve também uma carta, Pilú. Na minha opinião, ela vai chegar à Befana, porque não?

E assim fez, feliz por também poder contar à Befana a aventura desta empreitada.

A atividade de « selocarimbagem», como Vermiglia, que adorava dar nomes a tudo, a batizou, prosseguiu até ao anoitecer, deixando toda a gente exausta, mas feliz .

Mas, se é verdade que este problema fora brilhantemente resolvido… um outro nasceu depois.

– Não acham que  a abertura no telhado é demasiado pequena?- observou Cleofe a dada altura.- Acho que tem de ser alargada: como  é que a Befana vai conseguir entrar em todas as nossas meias…

– Mas não podemos alargá-la assim, temos de pedir autorização! – respondeu subitamente Desdémona, que nunca estava de acordo com as ideias da cabra.

Interveio então o galo, que propôs fazerem uma experiência:um deles descia de lá de cima com um grande saco de meias às costas, algumas cheias de presentinhos e de guloseimas.

Mas claro que era preciso encontrar quem estivesse disposto a fazê-lo.

– Oh, acho a ideia ótima! – comentou a Sissi, que prontamente levantou a perna para se oferecer como voluntária no meio da aprovação geral.

– Anda, Pilú, ajuda-me a preparar.

Pouco tempo depois ambos regressaram : Sissi pusera na cabeça um lencinho de quadradinhos vermelhos que encontrara no cesto da roupa de passara a ferro, enquanto o Pilú segurava numa vassoura de sorgo, que fora buscar ao quarto das ferramentas que ficava nas traseiras da casa.

– Faltam as cordas para descer a Sissi de lá de cima!- reparou Max. – Vem , Ettore, vamos       buscá-las.

– Eu ajudo – disse o papá coelho juntando-se aos dois e, em poucos minutos, o estábulo estava pronto para levar à cena a chegada da velhinha voadora. A mamã Ratinho, a Pérola e a Nuvem estavam a maquilhar a Sissi que, agora com o lencinho na cabeça, um manto feito de um pedaço de pano que estava em cima prateleira a cobrir os frascos e um pouco de fuligem no focinho conseguira já assustar os coelhitos que correram a esconder-se por detrás da escada. (cont.)

Texto de: Bianca Belardinelli, Contos de Natal, Círculo de Leitores,2010