Tantas cartas, Senhora Befana! VI


Nero tinha enchido um saco de juta com palha.

– Aqui está! Estas são as minhas mei…

– Oh, esperamos que não! – Brincou Cornélia rummminnnnando . Parecia quase um teatro; havia os autores e o público, a cenografia e trepidante espera pela abertura do pano. Os ratinhos, com os focinhitos foras das meias penduradas, olhavam para cima. Verdina, Vermiglia e Viola, com Dulcineia e Desdémona, batiam as asas, pelo que foram repreendidas pelo Ettore por estarem a perturbar; a família dos coelhos estava em fila em cima dos caixotes. Lá fora, erguida a escada larga e plana que a conduziria pelos ares até ao telhado do estábulo. Pilú e Palmiro enrolavam as cordas em volta de Sissi; Nero de um lado e Jimmy do outro prenderam as pontas. Da abertura do teto, uma sombra misteriosa apareceu sorrindo entre os gritos dos mais pequenos. Lentamente, uma velhinha montada numa vassoura com um lenço na cabeça e um saco às costas, foi descendo…

– É a Befana! – gritaram todos.

– Não, meninos … sou eu! – respondeu a Sissi, rindo.

A experiência fora bem sucedida. Os animais podiam ficar tranquilos, pois a verdadeira Befana entraria sem dificuldades. Nos dias seguintes, Pérola acabou de fazer as meias de lã, cada um escolheu a ornamentação a coser em cada uma delas e todas foram penduradas na corda da roupa presas com as molinhas de madeira coloridas. As cartas enviadas com os selos da lua e da estrela foram entregues, assegurara o carteiro Hélio. Só lhes restava esperar: Faltava um dia para o dia 6 de Janeiro.

Texto de: Bianca Belardinelli, Contos de Natal, Círculo de Leitores,2010

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